Preservando a Identidade da Igreja - Pb. José Roberto A. Barbosa
Publicado em 22 de Agosto de 2011 as 09:15:03 AM Comente
Texto Áureo: II Co. 11.3 - Leitura Bíblica: At. 20.25-32
Pb. José Roberto A. Barbosa
http://www.subsidioebd.blogspot.com/
Twitter: @subsidioEBD
Objetivo: Mostrar aos alunos a necessidade da preservação da identidade da igreja, em conformidade com os princípios bíblicos.
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da Igreja, ao longo da sua história, foi o de preservar sua identidade. Em várias ocasiões, desde os primórdios, a Igreja sofreu ameaças que visavam comprometer seu real chamado. Nos dias atuais não tem sido diferente, a Igreja do Senhor Jesus, do mesmo modo que a igreja primitiva, precisa se manter fiel aos princípios apostólicos. Na aula de hoje estudaremos a respeito da preservação da identidade da Igreja, mas antes, definiremos, bíblico-teologicamente, as expressões neo-testamentárias associadas à igreja, em seguida, meditaremos sobre as características identitárias fundamentadas na Palavra de Deus.
1. IGREJA, EXPRESSÕES BÍBLICO-TEOLÓGICAS
No Novo Testamento existem diferentes expressões para definir Igreja. A palavra ekklesia, no contexto social, indicava a assembléia dos cidadãos que foram chamados por um arauto. Etimologicamente, esse é um termo composto de uma preposição ek (para fora) e de um verbo kaleo (chamar, convocar). Portanto, a igreja, no sentido originário da palavra, é constituída por aqueles que foram chamados para não se moldar ao mundo (Rm. 12.2) e caminhar para o alvo, que é Cristo (Fp. 3.14). A igreja também é o povo de Deus, conforme expressa o apóstolo Pedro (I Pe. 2.9,10), definindo-a como “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo (laos em grego) exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. A Igreja é apresentada como uma comunhão (koinonia em grego), um povo que vive em participação, semelhantemente a uma família, por essa razão, somos identificados como filhos do Pai e irmãos em Cristo (I Jo. 1.3). A Igreja primitiva de Jerusalém foi marcada pela realidade da koinonia (At. 2.42). A igreja é também o Corpo de Cristo, sendo assim, ela deve responder à Cabeça, que é Cristo (Cl. 2.19; Ef. 4.15,16,24). Essa condição contribui para sua unidade (Jo. 17.11; I Co. 1.10), ainda que na diversidade (I Co. 12-14; Rm. 12; Ef. 4; I Pe. 4.10). Como corpo saudável, a igreja deva buscar crescimento espiritual, caso contrário, permanecerá carnal (I Co. 3.2; 12.27) e procurar os melhores dons para a edificação do Corpo (I Co. 12.11,31; 14.1), sem esquecer do amor, o caminho sobremodo excelente (I Co. 13). A maturidade espiritual deve ser o alvo principal do Corpo, a fim de que todos possam alcançar a estatura adulta e a plenitude de Cristo (Ef. 4.13-16). A Igreja é a Noiva de Cristo, tendo em vista que o Novo Testamento revela Deus como um Pai que busca uma noiva para seu filho (Mc. 1.11; 9.7; 12.6; Ef. 5.27). Em resposta à fidelidade do Esposo, a igreja precisa demonstrar fidelidade (II Tm. 2.13; II Tm. 4.7), pureza (Ap. 19.7; Ef. 5.26,27; I Co. 11.2) e amor ao Seu Amado (Ap. 2.4,5; Ef. 3.18,19; 5.2; 25-27; Os. 2). A Igreja é templo, santuário e edifício de Deus, isso mostra que essa se encontra em processo de construção, e que Cristo é Seu alicerce (Mt. 16.18; I Co. 3.11; Ef. 2.20-22; I Pe. 2.4,5), sendo Deus o Arquiteto e Proprietário (I Co. 3.16).
2. A IDENTIDADE DA IGREJA
A identidade da igreja diz respeito às suas características bíblicas, a razão de ser igreja. Reconhecer que a igreja deva ter uma identidade significa, ao mesmo tempo, distinguir a Igreja de Jesus, das não-igrejas, isto é, dos movimentos que se diferenciam dos padrões genuinamente bíblicos. Antes de qualquer equívoco, é preciso destacar que igreja não um espaço físico, nem mesmo uma estatística. Sendo assim, não podemos confundir o templo, por mais simples ou suntuoso que seja, com a igreja, muito menos o total de membros que uma determinada agremiação religiosa. A Igreja é um povo unido que se submete à Cabeça que é Cristo, uma família que vive em união, com vistas à adoração e à gloria do Senhor. A identidade de uma igreja que é cristã deva levar em conta os seguintes aspectos: 1) ela não é perfeita, mas se esforça para caminhar em santificação, na luta contra os desejos desenfreados, os enganos do mundo, da carne e do Diabo (I Jo. 3.2); 2) demonstra interesse de ouvir a Palavra de Deus, por isso, uma igreja autêntica, ainda que não seja perfeita, se interessa por aprender mais de Deus, valoriza menos os movimentos superficiais e mais a exposição bíblica (II Tm. 4.2-4); 3) os ministradores de uma igreja genuína privilegiam a mensagem expositiva, eles se submetem ao crivo do texto bíblico, ao invés de reforçarem suas posições a partir de versículos isolados da Escritura (Lc.24.27; At. 6.4; Ef. 6.19,20); 4) se preocupa com a ortodoxia bíblica, isto é, não apenas em agir corretamente, a ortopraxia, mas também em fundamentar suas atitudes na doutrina bíblica, por isso, não tem receio de ser avaliada à luz da Palavra (Tt. 1.9,13; 2.1); e 5) expõe o evangelho de Jesus Cristo em sua essência, sem desprezar a mensagem da Cruz, loucura para o sábios, salvação para aqueles que se arrependem e crêem (I Co. 1.18).
3. PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA
A preservação da identidade da igreja se dá, prioritariamente, pela observância dos princípios bíblicos. Na igreja cristã, a autoridade central é a Palavra de Deus, diferentemente da Igreja Romana, que elegeu a tradição como fundamento; e do liberalismo teológico, que submete a fé à razão. A igreja cristã, seja ela pentecostal ou reformada, não pode esquecer a máxima da Reforma Protestante: ecclesia reformata semprer reformanda, isto é, igreja reformada e sempre desejando ser reformada. A reforma na igreja não se baseia no pensamento humano, ainda que não possa desprezar as contribuições teológicas, mas na norma que é a Bíblia, a Palavra de Deus. A preservação da identidade da igreja, a Ekklesia, é estabelecida a partir da perseverança na doutrina dos apóstolos, na comunhão e no partir do pão (At. 2.42-44) e na prática do amor, como característica marcante dos seguidores de Jesus (Jo. 13.35). Paulo, em suas epístolas, demonstrou zelo pela preservação da identidade da igreja do Senhor Jesus, dentre elas destacamos: I Coríntios - corrigir os partidarismos, excessos e carnalidades; Gálatas - advertir quanto às práticas judaizantes que comprometiam o evangelho de Cristo; Colossences - rejeitar a adoração aos anjos, crença gnóstica que inferiorizava a pessoa de Cristo; I Tessalonicenses - orientar os irmãos quanto à bendita esperança, tanto para os que estão vivos quanto para os que dormem no Senhor; e I Timóteo, II Timóteo e Tito - recomendações pastorais a fim de manter a sã doutrina e a vida piedosa. As palavras de Jesus, dirigidas às igrejas da Ásia Menor, registradas por João nos capítulos iniciais do Apocalipse (Ap 2-3), servem de corretivo para que a igreja tenha mantenha sua identidade.
CONCLUSÃO
Crise de identidade, essa é a situação das igrejas evangélicas brasileiras. O crescimento do número de adeptos ao movimento evangélico resultou na existência de um fenômeno sociológico: os evangélicos nominais, ou seja, de pessoas que se dizem evangélicas, mas que não se comprometem, ou na verdade, desconhecem os princípios do evangelho de Cristo. Cristãos nominais geram igrejas nominais, com identidades líquidas, diluídas pelo mundanismo, distanciadas da Palavra de Deus. Diante de tal situação, cabe à Igreja evangélica brasileira perguntar-se, constantemente, pela sua identidade bíblica, para tanto, não pode esquecer de onde veio, onde se encontra e para onde está indo.