sexta-feira, 22 de outubro de 2010

PARA QUE DEUS SEJA AMOR É NECESSÁRIO QUE ELE SEJA UMA TRINDADE

Para que Deus seja amor é necessário que ele seja uma trindade

Amor e justiça na trindade

Tradução: Wagner Kaba

Caro Dr. Craig,

No debate que teve com Shabir Ally sobre "O Conceito de Deus no Islã e no Cristianismo", você disse que o amor é parte da natureza perfeita de Deus. Você passou a explicar como o conceito trinitário de Deus é mais plausível do que o conceito unitário de Deus no Islã, tendo isso em conta. Visto que o amor envolve a doação de si ao outro, um conceito unitário de Deus é inadequado. A Trindade, no entanto, faz com que o amor tenha sentido como uma propriedade essencial da natureza perfeita de Deus. Isto leva-me a pergunta que eu quero fazer: por que não entender o amor da mesma forma que entendemos as outras perfeições de Deus? Por exemplo, eu entendo que a justiça perfeita de Deus não é expressa até algum momento após sua criação rebelar-se contra ele. Agora, a menos que a justiça de Deus se expresse de alguma forma dentro de três pessoas divinas, porque alegar que Deus é perfeitamente justo antes da criação de qualquer outro ser que pode se rebelar? Se podemos afirmar que Deus é justo, sem ter que expressar esse atributo até a criação, então por que não afirmar que um Deus amoroso pode ser unitário, sem uma criação (expressando esse atributo para sua criação mais tarde)?

Espero que a minha questão principal faça sentido. Eu gostaria de agradecê-lo pelo seu ministério. Ele certamente tem sido uma bênção e uma inspiração. Deus abençoe você e sua família!

em Cristo,

Juan

Dr. William Lane Craig responde:

Muito boa pergunta, Juan! Poderíamos responder que a justiça, como o amor, é expressa entre as pessoas da Santíssima Trindade. Nós não precisamos pensar na justiça apenas como castigo do pecado, embora isso seja exigido pela justiça. Justiça é um conceito mais amplo do que isso. Justiça exige que nós tratemos as outras pessoas de forma justa, que não mostremos favoritismo, que nós tratemos as outras pessoas como fins em si mesmas e não como meios para algum fim. As pessoas da Trindade mostram todas essas virtudes. Seria absurdo imaginar as pessoas da Trindade envolvidas em favoritismo ou parcialidade nas suas relações umas com as outras! (Note que a subordinação de um membro para outro na chamada “Trindade econômica” com o objetivo da nossa salvação não é o caso de algum tipo de favoritismo.)

Mais importante, porém, meu argumento é que não é suficiente pensar no amor como uma mera propriedade de disposição, a disposição para o amor se alguma outra pessoa existir. Ser amoroso não é apenas a disposição de doar-se para alguém, caso esse alguém exista. Ser amoroso envolve realmente dar-se ao outro. Portanto, esta disposição não pode permanecer apenas latente em Deus e nunca ser concretizada. Segue-se, então, que um Deus unitário teria necessariamente que criar outras pessoas, que é o que implica a sua sugestão. Mas isso contradiz o que tanto os cristãos como os muçulmanos acreditam sobre a liberdade de Deus para criar. Portanto, Deus deve ser uma pluralidade de pessoas que não foram criadas, que é o que a doutrina da Trindade afirma.

Portanto, meu argumento se resume a isto: o amor não pode ser reduzido a uma mera disposição. Embora tenha essa característica, é muito mais do que isso. Portanto, o conceito unitário de Deus é inadequado.



O artigo original em inglês está disponível em ReasonableFaith.

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