quinta-feira, 21 de outubro de 2010

QUANDO ISRAEL É LIBERTO DO EGITO


- Quando Israel é libertado do Egito, surge outra figura da morte de Jesus, a saber, a instituição da Páscoa, a mais solene das festividades do calendário israelita e que indicava o início do chamado “ano religioso” (Ex.12:2). A Páscoa era a figura mais proeminente da morte de Jesus, tendo servido de seu prenúncio desde então até o dia mesmo da prisão do Senhor, que se deu no dia anterior à mesma (Lc.22:15).

- A Páscoa foi instituída para celebrar a libertação de Israel da escravidão no Egito, pois Israel alcançou a liberdade após a praga da morte dos primogênitos. A palavra “Páscoa” significa “passagem”, pois se lembrava que os primogênitos de Israel foram poupados porque, ao ver o sangue do cordeiro na verga da porta, o anjo da morte “passou” sobre a casa dos israelitas, sem retirar a vida do primogênito que ali se encontrava (Ex.12:12,13).

- Todos os pormenores desta festividade nos apontam para o Senhor Jesus. Em primeiro lugar, no dia dez do mês de Nisã (mês que se situa entre os meses de março e abril do nosso calendário), os israelitas deveriam escolher um cordeiro, macho de um ano, sem mácula e que seria guardado até o dia quatorze do mês, quando, então, seria imolado (Ex.12:5,6).

- O cordeiro imaculado, macho de um ano, é símbolo de Jesus que, já no dia seguinte ao Seu batismo, foi apontado por João Batista como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29). O próprio Jesus mostrou ser “cordeiro de um ano”, quando, na sinagoga de Nazaré, logo após ter sido tentado pelo diabo no deserto, veio anunciar “o ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19). A partir de então, foi “guardado”, ou seja, posto sob a inspeção e análise de todo o povo de Israel, durante três anos, a fim de que alguém pudesse apontar nEle alguma falha, alguma mancha. Entretanto, ninguém O pôde convencer de pecado (Jo.8:46), sendo declarado inocente pelo próprio Pôncio Pilatos (Jo.18:38; 19:4,6), tendo, sem pecado, podido cumprir o papel de nos resgatar na cruz do Calvário (Hb.4:15).

- Verificado que o cordeiro pascal nenhuma mancha tinha, na tarde do dia quatorze, deveria ser sacrificado (Ex.12:6). Flávio Josefo, o grande historiador judeu, informa-nos que este sacrifício se dava entre as três e cinco horas da tarde, o que é mais uma demonstração de que apontava para a morte de Jesus, pois, como informa a Bíblia, Jesus morreu por volta da hora nona, ou seja, três horas da tarde (Mt.27:46; Mc.15:34; Lc.23:44), devendo ter sido retirado da cruz por volta das cinco horas da tarde, já no término do dia, que era o da preparação da páscoa (Jo.19:38-42).

- Em seguida, o sangue do cordeiro deveria ser aspergido na verga e nas umbreiras das portas, nas casas dos israelitas, para que o anjo da morte passasse sobre a casa e não ferisse o primogênito (Ex.12:7). O sangue de Jesus foi derramado para que pudéssemos passar da morte para a vida (Jo.5:24), para que, antes longe de Deus, pudéssemos chegar perto dEle (Ef.2:13) e toda vez que houver acusação contra nós, Deus vê o sangue de Jesus em nós (que são as casas - Hb.3:6) e, por isso, não somos dEle separados, mas mantidos em comunhão com o Senhor. Aleluia!

- Por fim, o cordeiro, uma vez sacrificado, deveria ser assado, inteiro, sendo comido, então, à noite, com pães asmos e ervas amargas (Ex.12:8,9), queimando-se tudo o que restasse naquele mesmo dia (Ex.12:10). Isto nos fala, também, que o sacrifício de Jesus era completo, não teria de ser repetido, nem restaria algo a ser realizado depois de sua efetivação. O sacrifício se daria com sofrimento (ervas amargas) e com sinceridade (os pães asmos), mas traria vida ao povo de Deus. O fato de o cordeiro ser assado e, depois, retirado do forno para ser consumido, também indicava a ressurreição, que será o tema de nossa próxima lição.

- Mas além da Páscoa, todo o sistema de sacrifícios instituído pela lei de Moisés também apontava para a necessidade de morte de uma vítima, de um substituto para o perdão dos pecados. Com efeito, na lei de Moisés fica claro que não haveria como obter o perdão dos pecados, a “expiação”, palavra que significa “cobertura” no hebraico (”kaphar” - ???), sem que houvesse derramamento de sangue, sem que houvesse a morte de alguém no lugar do pecador. Em Lv.1:4, fica claro que a vítima que era imolada o era em lugar do ofertante. Deveria o ofertante “pôr a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito por ele, para a sua expiação”. No holocausto, o sangue era oferecido e aspergido sobre o altar e, então, a vítima era queimada no fogo em cima do altar (Lv.1:5). Ficava, portanto, evidente que o derramamento do sangue, a morte da vítima era condição “sine qua non” para a aceitação do sacrifício.

- Eis o motivo pelo qual, já na época dos reis e dos profetas literários, o Senhor repreende severamente os israelitas, dizendo abominar os seus sacrifícios, uma vez que eles não vinham acompanhados de um reconhecimento de culpa e da condição de pecadores, onde a morte da vítima havia se tornado apenas um ritual, sem qualquer arrependimento, sem que a pessoa demonstrasse sua justiça reconhecendo que deveria ser ela o ser a morrer e não o animal que a estava ali substituindo (Pv.21:27; Is.1:11-18; Jr.6:19,20; Am.7:12,21-25).

- Mas não foram apenas figuras que o Antigo Testamento apresentou a respeito da morte de Jesus. Ela também foi objeto de profecias ao longo da revelação progressiva do plano da salvação. Dois textos demonstram que a morte do Senhor foi predita com riqueza de pormenores pelos profetas: o Salmo 22 e o capítulo 53 de Isaías.

- O Salmo 22, de autoria de Davi, foi, inclusive, recitado pelo Senhor na cruz, como prova cabal de que ali se tinha o seu cumprimento. É o clamor de desamparo do servo de Deus; “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste? Por que Te alongas das palavras do Meu bramido e não Me auxilias?”. Foram estas as palavras que o Senhor recitava na cruz, em hebraico, quando o povo entendeu que estivesse a clamar por Elias, já que o povo falava o aramaico (Mt.27:46,47; Mc.15:34,35).

- Neste salmo, há uma descrição nítida da crucifixão de Jesus. Ele é apontado não mais como homem, mas como verme, tamanho o desprezo e a afronta que está a sofrer. É deixado abandonado por causa da Sua confiança em Deus. A descrição dos sofrimentos mostra-nos claramente a forma da morte, ou seja, a morte por crucifixão, pois é falado em desconjuntar de ossos(Sl.22:14), ainda que nenhum deles tenha sido quebrado (Sl.22:17); em secura da boca que fez com que a língua se prendesse ao paladar (Sl.22:15), o traspassar dos pés e das mãos (Sl.22:16). O salmista, também, fala acerca da repartição dos vestidos entre os seus algozes e o lançamento de sortes sobre a Sua túnica (Sl.22:18). O salmista é bem claro ao afirmar que este sofredor é posto no pó da morte (Sl.22:15).

- No capítulo 53 de Isaías, certamente um dos textos mais conhecidos da Bíblia, o profeta também dá riqueza de pormenores sobre a morte de Jesus. Após indagar quem havia dado crédito à pregação do Servo do Senhor, apresenta-O sem parecer nem formosura, fala que está Ele desprezado e tornado o mais indigno entre os homens (Is.53:3). Diz que Ele assumiu a posição de vítima no sacrifício, tomando sobre Si as nossas enfermidades, as nossas dores. Tornou-se Ele o ferido de Deus e oprimido (Is.53:4). Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades (Is.53:5), ou seja, assumia a condição da vítima dos sacrifícios da lei, levando a culpa do ofertante sobre Si (Is.53:6). O profeta afirma que não houve apenas sofrimento, mas morte, pois foi levado como cordeiro ao matadouro (Is.53:7), sendo cortado da terra dos viventes (Is.53:8), devidamente sepultado (Is.53:9), embora fosse justo. Sua morte representou verdadeira expiação do pecado (Is.53:10), que teria o agrado do Senhor e representaria a justificação de muitos (Is.53:11), a ponto de levar sobre Si o pecado de muitos e de poder interceder pelos transgressores, embora, para tanto, tivesse tido de ser contado com eles (Is.53:12).

- Vemos, pois, que, no Antigo Testamento, é evidente a mensagem de que o perdão dos pecados se dava pela morte de alguém no lugar do pecador, que sem o derramamento de sangue não haveria como se dar o perdão dos pecados.

I - A MORTE DE JESUS ANUNCIADA E OCORRIDA NO SEU MINISTÉRIO TERRENO

- Vindo a plenitude dos tempos, Jesus veio ao mundo (Gl.4:4) e, durante o Seu ministério terreno, deixou bem claro aos discípulos que era necessário cumprir o que havia sido profetizado, ou seja, de que Ele deveria morrer no lugar dos pecadores.

- Pelo que vemos dos Evangelhos, Jesus passou a falar a respeito de Sua morte vicária, ou seja, de que deveria morrer no lugar dos pecadores, tornando realidade aquilo que os animais apenas simbolizavam, depois que Pedro teve a revelação do Pai de que Jesus era o Filho de Deus vivo (Mt.16:21). Aquela revelação vinda da parte do Pai a Pedro foi como o “sinal” dado a Jesus para que revelasse aos discípulos o que Lhe estava reservado.

- Muitos chegam a pôr em dúvida que Jesus tivesse falado aos discípulos a respeito de Sua morte, argumentando que, em algumas passagens dos Evangelhos, é dito que os discípulos, apesar de tais afirmações do Senhor, não compreenderam o que havia sido dito (Lc.9:45), tanto que entraram em profunda depressão espiritual logo após a morte de Jesus. Argumentam que, se Jesus tivesse mesmo falado a respeito de Sua morte, os discípulos não teriam tido aquela reação e as Escrituras não teriam dito que eles não compreendiam o que Ele lhes falava.

- Entretanto, estes argumentos não merecem crédito. Por primeiro, a Bíblia nos mostra que Jesus realmente falou a respeito dos discípulos a respeito de Sua morte durante o Seu ministério (Mt.17:22,23; Mc.8:31; 9:31; 10:33; Lc.9:44). Assim, não cabe questionar se houve, ou não, tais afirmações, pois a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17).

- Por segundo, temos que os discípulos, como os judeus até o dia de hoje, não aceitavam a idéia de um Messias sofredor, que viesse a morrer. Para eles, o Messias era o libertador de Israel, um guerreiro vitorioso, que mataria os inimigos e não que seria morto por eles. A rejeição a esta idéia é tanta que nos chamados “cânticos do Servo”, passagens do profeta Isaías a respeito do “Servo do Senhor”, os comentários feitos pelos escribas em aramaico (os chamados “Targuns”), continham expressões e ensinamentos em que os sofrimentos mencionados nas referidas passagens eram transferidos aos inimigos de Israel, numa clara distorção do texto sagrado. Não nos esqueçamos, ademais, que eram estes “targuns” que compunham as pregações e explanações ao povo nas sinagogas, visto que poucos conheciam o hebraico do texto bíblico.

- Assim, o fato de os discípulos não entenderem o que Jesus lhes dizia estava vinculada a esta idéia arraigada que tinham de que o Messias era um vencedor, o Rei de Israel, de modo que a não compreensão dos discípulos era fruto da sua incredulidade, de sua recusa em abandonar os ensinamentos tradicionais pelo que Jesus lhes dizia. Não será por outro motivo que Jesus, já ressurreto, disse serem os discípulos no caminho de Emaús néscios e tardos de coração para crer em tudo o que os profetas disseram (Lc.24:25). Os discípulos agiram conforme a multidão que ouvira as parábolas do reino (Mt.13:13-15). Eles somente haveriam de compreender o que aconteceu quando explicado, após os fatos, pelo próprio Jesus, que lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras (Lc.24:45). As coisas espirituais discernem-se espiritualmente, não há outro modo de se entender a Palavra (I Co.2:12-16).

- A Bíblia, que é a verdade, mostra claramente que os discípulos não entenderam o que Jesus lhes disse, mas também faz questão de mostrar que Jesus sempre declarou aos Seus discípulos que haveria de morrer e de ressuscitar. Não é sem propósito que, na cruz, uma das palavras que a multidão mais repetia em seus desafios e impropérios era o dito de Jesus de que, em três dias, derribaria e reconstruiria o templo (Mc.15:29,30), palavras que, só depois, os discípulos souberam que se referia à Sua morte e ressurreição (Jo.2:20,21).

- Assim, durante o Seu ministério público, Jesus, mais de uma vez, disse claramente que morreria e ressuscitaria, algo que não foi compreendido pelos discípulos, mas que era de conhecimento de todos, tanto que os sacerdotes, após a morte de Jesus, sabendo destes ditos do Senhor, quiseram tomar precaução com relação ao Seu corpo (Mt.27:62,63).

- Este ponto também demonstra a falsidade da chamada “teoria da fatalidade”, segundo a qual, a morte de Jesus foi um “acidente de percurso”, um revés na trajetória do Senhor. A morte é a própria razão de ser da vinda do Senhor (Jo.12:27), de modo que não tem qualquer cabimento achar-se que a oposição ao ministério de Jesus que levou-O à morte tivesse sido imprevista, um “erro de cálculo”.Não, não e não! A morte de Jesus era prevista pelo Senhor, que Se entregou por nós, por nos amar e querer a nossa salvação (Jo.10:17,18).

- Mas Jesus não apenas disse que iria morrer, como efetivamente morreu. Os Evangelhos são unânimes ao afirmar que Jesus morreu (Mt.27:50; Mc.15:37; Lc.23:46; Jo.19:30). João, que estava ao pé da cruz, diz que os soldados viram a Jesus morto, razão pela qual não quebraram as Suas pernas (Jo.19:33). Jesus foi sepultado, prova de que havia morrido, tanto que o evangelista diz que José de Arimatéia reclamou o Seu corpo, ou seja, não havia mais do que um corpo pendurado na cruz naquele instante (Jo.19:38).

- Tanto Jesus estava morto que os sacerdotes tomaram precaução com relação ao Seu corpo, pondo uma guarda que ficasse em frente do sepulcro durante três dias, para impedir que Seu corpo fosse retirado e, assim, se dissesse que havia se cumprido a Sua palavra de que ressuscitaria ao terceiro dia (Mt.27:64-66). O sepulcro foi, então, fechado com uma pedra, que foi selada.

- A morte de Jesus também se confirma pela própria história que os sacerdotes mandaram os soldados dizer (Mt.28:11-15). O que seria mais fácil: dizer que Jesus não havia morrido e, então, fugido ou contar que os discípulos haviam furtado Seu corpo? Logicamente que a primeira alternativa seria a melhor, mas não havia como falá-la se a morte havia sido atestada por todos.

- A morte de Jesus foi sempre o tema da pregação dos apóstolos. No dia de Pentecostes, Pedro foi incisivo ao dizer que Jesus havia sido crucificado e morto pelas mãos dos injustos (At.2:23). Se Jesus não tivesse morrido, faria sentido a Pedro dizer estas palavras? Se Jesus não tivesse morrido, por que não dizê-lo, inclusive para provar que os intentos dos judeus, há apenas 50 dias antes, não havia sido exitoso? Ademais, não nos esqueçamos, pregar que Jesus havia morrido era manter um grande obstáculo para que o povo cresse que Ele era o Messias.

- O apóstolo Paulo, também, afirmou que o centro de sua pregação era “Cristo e este crucificado” (I Co.2:2) e, mais, que “Jesus morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras e que foi sepultado” (I Co.15:3b-4a). Tais palavras de Paulo são confirmadas pela boca insuspeita de Festo, procurador da Judéia, que dizia que a contenda que havia entre Paulo e os seus inimigos judeus era a respeito de “um tal Jesus, defunto, que Paulo afirmava viver” (At.25:19).

- Na ilha de Patmos, mesmo aparecendo em glória a João, o Senhor Jesus não deixou de reafirmar a realidade de Sua morte, ao Se apresentar como “o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre” (Ap.1:18). Não há, pois, como se dizer que Jesus não morreu.

- No entanto, não são poucos os que procuram negar esta verdade bíblica. O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos (a religião que mais cresce no mundo na atualidade), é peremptório ao afirmar que Jesus não morreu. Segundo os islâmicos, Jesus não morreu, mas, em Seu lugar, foi crucificado um sósia. Vemos, pois, que tal afirmativa, sem qualquer sentido ou respaldo, tem sido objeto de crença por um número cada vez maior de pessoas, que, impregnados pela “operação do erro” (II Ts.2:11), cada vez mais atuante em nosso mundo, esforça-se por negar a realidade do fato que representou a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte. Como, ante as evidências das Escrituras, crer numa história como de um sósia sendo crucificado em lugar de Jesus?

OBS: Reproduzimos o trecho do Alcorão que apresenta esta idéia absurda: “Então amaldiçoamo-los(…) por seu dito: ‘Por certo, matamos o Messias, Jesus, Filho de Maria, Mensageiro de Allah.’ Ora, eles não mataram nem o crucificaram, mas isso lhes foi simulado. E, por certo, os que discrepam a seu respeito estão em dúvida acerca disso…” (4:155,157).

- Mas, além dos islâmicos, também surgiu a chamada “teoria de Caxemira”, tese apresentada pelo escritor esotérico e ufólogo espanhol Andreas Faber-Kaiser (1944-1994), que, em seu livro “Jesus viveu e morreu na Caxemira”, defendeu a idéia de que Jesus não morreu na cruz, fugiu para Caxemira, região situada na fronteira entre Índia e Paquistão (que é alvo de disputa entre os dois países), onde teria tido uma idade avançada e tido filhos e netos. Faber-Kaiser “prova” seus argumentos pelo fato de que Jesus seria jovem e, portanto, algumas horas de tortura seriam incapazes de causar a Sua morte, tendo, então, sido “tratado” na “gruta de José de Arimatéia”, se recuperado e fugido para Caxemira, onde “já teria vivido dos 13 aos 30 anos”. Por isso, há na capital de Caxemira, Srinagar, até hoje, a veneração de Rozabal, “o túmulo do Profeta”, como sendo o túmulo de Jesus.

- Bem se vê que esta história fantasiosa, que muitos crêem, inclusive os adeptos da Nova Era (pois se coaduna com a teoria de que Jesus teria estado na Índia durante Sua adolescência e juventude), não tem a mínima condição de se sustentar. Jesus era jovem, sim, mas, como nos dizem as Escrituras, havia sofrido muito antes de ser levado à cruz, a ponto de não ter conseguido levar o madeiro até o Gólgota (Mc.15:21; Lc.23:26). Além do mais, todo o sofrimento físico, terrível e excessivamente doloroso, não era para comparar com o sofrimento moral e espiritual, pois Jesus Se fez pecado por nós, ou seja, teve sobre Si o peso dos pecados de todo o mundo, o que é mais do que suficiente para causar uma morte rápida, levando-se em conta os padrões deste tipo de execução. A Bíblia, a propósito, não deixou de ressaltar que foi surpreendente o fato de Jesus ter morrido tão rápido (Mc.15:44,45).

- Como se não bastasse, como considerar este tratamento de Jesus pelos discípulos se havia a soldadesca romana a guardar o sepulcro, cuja pedra estava selada? E como se divulgou, logo ao terceiro dia, a mentira dos judeus sobre o furto do corpo de Jesus, se Ele teria apenas fugido algum tempo depois, quando teria Se recuperado dos ferimentos?

- Por fim, a teoria se alicerça no fato de que Jesus teria estado na Índia em Sua adolescência, o que, na lição 4, já vimos não ter o menor cabimento. E, ademais, o fato de se identificar o profeta do túmulo com Jesus não é prova alguma de que fosse Jesus este profeta, mas tão somente que eventual veneração antiga na região tenha sido assimilada posteriormente, quando a Caxemira se islamizou por volta do século XIV. Aliás, o escrito mais antigo que diz que o túmulo era o de Jesus é de um historiador oriental, do ano de 962, quando a região já estava sob o domínio de um ramo hinduísta conhecido como “shaivismo de Caxemira”, que dá grande ênfase ao monasticismo. A propósito, esta “teoria” é defendida por uma seita muçulmana da região, os “ahmadiya”, que, inclusive, por defenderem que Jesus morreu e foi enterrado em Caxemira não são considerados muçulmanos pelo governo paquistanês.

III - O SIGNIFICADO DA MORTE DE JESUS

- É elucidativo que, vindo Jesus para ser batizado por João no rio Jordão, como nos mostram as Escrituras, o Senhor tenha sido apontado pelo profeta como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29). O anúncio de João, antes mesmo que o Senhor iniciasse qualquer pregação, em tudo concorda com o objetivo prioritário da missão de Cristo sobre a face da Terra, que havia sido reafirmada pelo próprio Senhor instantes antes da encarnação (Hb.10:5-9). Jesus veio ser a vítima do sacrifício necessário, veio substituir toda a humanidade, morrendo em lugar dos homens (Rm.5:8; I Ts.5:10), para satisfazer a justiça divina e, por meio do derramamento do Seu sangue, permitir que se restabelecesse a comunhão entre Deus e o homem(Ef.2:13-16), algo que só poderia ocorrer mediante a remoção dos pecados e não somente a sua desconsideração por força da morte de animais, como ocorria com a lei (Hb.7:26,27; 9:7-10).

OBS: “…Em outras palavras, Deus passou por cima dos pecados, não os julgando de um modo final no tempo em que eles foram perdoados. Tal procedimento, é óbvio, seria um tratamento muito injusto se aqueles pecados não fossem no devido tempo trazidos a juízo. Todos os pecados da era mosaica foram mostrados como ‘cobertos’ mas não ‘tirados’. Em contraste com este procedimento temporário, todo pecado que Deus perdoa foi e é agora ‘tirado’….” (CHAFER, Lewis S. Expiação. In: Teologia sistemática, t.4, v.7, p.129)

- Vemos, portanto, que, embora não haja a palavra “expiação” no texto do Novo Testamento, a realização da expiação é um dos pontos centrais da mensagem neotestamentária. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, é Aquele que morre em lugar da humanidade para permitir a restauração da comunhão com Deus, o que é sintetizado pelo termo “reconciliação”, que só encontrado em o Novo Testamento e sempre relacionado com a obra redentora de Jesus, de forma direta (Rm.5:11; II Co.5:18,19) ou indireta (Rm.11:15).em nós. Somente permitindo que Jesus nos substitua nesta vida que vivemos na carne até o dia da Sua volta é que confessaremos que cremos que Ele nos substituiu na cruz do Calvário. Renunciar a si mesmo é, pois, a lição que aprendemos com a morte de Jesus. Não é à toa que Jesus denomina este gesto de “tomar a sua cruz” (Mc.8:34; Lc.9:23). Quão diferente é este gesto do evangelho fácil e prepotente dos “determinadores de Deus” dos nossos dias…

- A quinta lição que a morte de Jesus nos dá é a de que, se devemos imitar a Cristo (I Co.11:1), se somos cristãos, ou seja, parecidos com Cristo (At.11:26), devemos, também, a exemplo dEle, saber que temos cálices a beber, antes que venha alguma exaltação. Neste mundo, teremos aflições (Jo.16:33), temos tão só a certeza de que beberemos o cálice que o Senhor bebeu (Mc.10:38,39). A exaltação, que pode vir nesta vida, só é garantida no porvir (I Jo.3:2).

- A sexta lição que a morte de Jesus nos dá é a de que a nossa salvação tem um grande valor, é algo extremamente precioso, mais valioso que o mundo inteiro, pois custou o sangue de Cristo Jesus, do Cordeiro imaculado e incontaminado (I Pe.1:18,19). Por isso, nada deve ser mais guardado, mais conservado e fruto do nosso zelo do que a nossa salvação. Por isso, devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça(Mt.6:33), justiça esta que nos é evidenciada pela morte de Jesus.

- A sétima lição que a morte de Jesus nos dá é a de que a apostasia, ou seja, o desprezo deliberado e voluntário do sacrifício de Cristo por parte de um salvo é algo que não pode, mesmo, ter perdão. Como escapar se não atentarmos para uma tão grande salvação? Como esperar que alguém que, sendo ciente do valor do sacrifício de Cristo, de novo o crucifique, rejeite-O e o exponha ao vitupério, possa ter novamente oportunidade de salvação (Hb.6:4-8)? Por isso, saibamos quão grave é desprezar a obra redentora do Calvário e, assim, nos mantermos purificados por este sangue, em comunhão uns com os outros, até aquele grande dia (I Jo.1:7-9).



POR: Marcio da Silva Membro Da Ass de Deus em Areia Branca
Professor da EBD

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